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Tecnologia e disrupção a serviço dos cidadãos: smart cities aplicam a transformação digital no dia a dia urbano

Saiba mais sobre a percepção dos gestores e especialistas brasileiros, cenários e novidades que foram destaque no “Conexões Japan House São Paulo”

Eficiente para os seus cidadãos na interação com os serviços públicos, moderna, segura e inserida no contexto da economia circular. A cidade realmente inteligente aplica conectividade para elevar o patamar da relação entre as pessoas e os gestores, impulsionando o desenvolvimento da sociedade.

No Brasil, assim como no mundo, são vários os desafios no sentido de aplicar tecnologias disruptivas, desde a sua concepção até a implementação dentro da rotina de uma cidade. O que faz com que a expansão e a melhoria da qualidade dos serviços públicos passe pela aplicação de transformações digitais, internet das coisas e inteligência no cotidiano da administração e das ruas.

São muitas as áreas onde a aplicação das inovações tecnológicas em prol dos cidadãos e da sociedade é possível: a gestão da infraestrutura, passando por pontos como segurança pública, trânsito, saúde, coleta de lixo, manutenção de espaços, geração sustentável de energia e muitas outras.

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Como uma cidade pode iniciar sua jornada para se tornar uma smart city?

Comprometimento com o futuro, recursos públicos, entendimento das principais demandas e uma orquestração eficiente das tecnologias são alguns dos ingredientes necessários.

Levando-se em conta as particularidades de cada município, os pontos-chave são o mapeamento de dados das demandas regionais em segurança, trânsito, educação, saúde e lazer.

Dessa forma, os gestores passam a contar com informações preciosas para poderem impulsionar a qualidade dos serviços públicos além de se valerem delas para planejar muito melhor o direcionamento da administração e o planejamento das políticas públicas.

O painel “Smart Cities: tendências e inovações tecnológicas para os desafios das cidades Brasileiras”, que fez parte de mais um evento “Conexões Japan House São Paulo”, realizado na casa do Governo Japonês, com o apoio da NEC e Rádio Eldorado FM, recebeu gestores e especialistas no tema para compartilhar visões e experiências sobre as cidades inteligentes e os desafios dos municípios brasileiros.

Estiveram presentes Anderson Farias, prefeito de São José dos Campos; Daniel Córdoba, secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo, Tecnologia e Inovação da cidade de São Caetano do Sul; Aurílio Sérgio Caiado, secretário de Finanças da Prefeitura de Campinas; Márcia Ogawa, líder de Tecnologia e Telecomunicações da Deloitte Brasil; e Elias Reis, head de Cidades Inteligentes da NEC do Brasil, especialista em desenvolvimento de novos negócios de alta complexidade voltados para tecnologia de cidades inteligentes e telemática.

 

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Pessoas em primeiro lugar

A aplicação de diversas tecnologias em favor dos moradores de uma cidade, de acordo com Farias, de São José dos Campos, é fator decisivo para elevar a qualidade de vida e a relação dos cidadãos para com o bem estar público, colocando o município numa jornada em direção a um desenvolvimento sustentável e sadio. O que coloca a cidade como a primeira do Brasil com certificação internacional na área de smart cities.

São muitas ações que podem ser planejadas e postas em prática envolvendo inteligência, tecnologia, coordenação entre diversas áreas da administração, recursos para trazer todas essas inovações, disrupções e da tecnologia para o cotidiano da população e pensando no futuro.

Para o prefeito, “não existe uma receita única que se apresente para uma cidade inteligente”. “Mas existe um único objetivo”, considera ele, que é “cuidar das pessoas”. “É isso que tem que ter para fazer toda uma cidade inteligente.  É aquela que põe em primeiro plano as pessoas”.

Em São José, de acordo com o prefeito, foram tomadas ações em diferentes áreas que conduziram a cidade a receber as certificações da ABNT e normas internacionais, sendo o município uma das 79 cidades em todo o mundo com tal reconhecimento, abrangendo 276 indicadores. “Isso faz com que o município busque trazer esse conceito para dentro da administração pública, para mudarmos os resultados e metas e usar a tecnologia a favor do cidadão, tornando a cidade resiliente e sustentável”.

Uma das áreas que obteve grandes ganhos com o uso da tecnologia, aponta o prefeito Farias, foi a de Segurança Pública.

“Nós instalamos 1.186 câmeras em todo o município, além de 350 em portais com reconhecimento facial e com leitores de placas que são OCR. Tem toda uma inteligência por trás dessa tecnologia e juntamente todas as forças de segurança, temos trabalhando em conjunto – Polícia Militar, Civil, Guarda Civil Municipal, Polícia Federal, Rodoviária, Defesa Civil, agentes de trânsito, todos dentro de um mesmo ambiente. Das cidades acima de 400 mil habitantes do Brasil, somos um dos municípios com os menores índices de violência.” Entre os 39 municípios do Vale do Paraíba, São José também responde pelos indicadores de criminalidade mais baixos.


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Start Eldorado #247: Rio caminha para se tornar smart city


O trabalho, destaca Farias, começou há cinco anos – “e todos os anos temos conseguido diminuir esses indicadores. São José dos Campos é uma cidade com 650 mil habitantes, próxima da capital, e que tem no seu DNA toda a questão tecnológica, até pela sua formação na década de 1950, com a instalação do centro tecnológico espacial, depois o INPE, o ITA, uma cidade industrializada. Então isso também trouxe essa parte tecnológica à nossa cidade.

Um dos motores do sistema de segurança é a questão da inteligência envolvida nos equipamentos que, de acordo com o prefeito, é responsável por uma série de alertas que têm levado a excelentes números de veículos recuperados e de suspeitos presos, inclusive procurados em outros estados. Foram mais de 1.800 nos últimos três anos, que possibilitaram às forças de segurança agirem com mais inteligência.

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Integração de dados e novas tecnologias

Outro fator altamente positivo é o de integração dos dados, o que ocorre por meio do Centro de Segurança e Inteligência de Dados da cidade.

“Nós temos todas as informações disponibilizadas dentro de todos os departamentos de polícia, então as delegacias têm acesso às câmeras, a Polícia Federal, a Militar também. Não existe burocratização.

"Quem precisa de uma câmera para fazer uma investigação não precisa mandar um ofício para a Prefeitura para pedir as imagens de determinado dia. Isso faz com que a Polícia Civil de São José dos Campos solucione 87% dos casos usando essas imagens, inteligência, rastreamento de veículos, etc. Isso impacta diretamente na alta qualidade de vida para o cidadão”.

Outra das medidas adotadas pela cidade foi a troca de todo o parque de iluminação para LED. “Então isso também trouxe também uma grande sensação de segurança, de você ter uma cidade muito mais iluminada, suas praças e parques, além de proporcionar um ambiente onde se age rápido e se dá uma resposta rápida aos crimes”.

A experiência, diz o prefeito, pode e deve ser exportada para outras cidades. Por exemplo, a capital paulista, onde o vice-governador do Estado, Felício Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos e um dos responsáveis pelo reforço da jornada tecnológica da cidade, começa a aplicar os mesmos princípios de inteligência na problemática região da Cracolândia, no centro da metrópole.

Entre as inovações sendo testadas para implementação na melhoria da segurança da cidade de São José dos Campos, está o uso de óculos com tecnologia de realidade aumentada.

Dez unidades já estão em testes, à disposição das forças de segurança, e são capazes de exibir em um display todas as informações lidas diretamente dos sistemas do Centro de Segurança e Inteligência. “Você olha pra um carro, ele já faz a leitura da placa, informa se aquele carro está procurado, pode ser integrado com reconhecimento facial – o próprio óculos ali com o policial tem todas essas informações”.

Esse sistema, que é fornecido à cidade por meio de um contrato de aluguel, já foi, segundo o prefeito, testado com sucesso em festas na cidade, como o aniversário do município, com excelentes resultados.


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Uma missão de impacto social

Daniel Córdoba, secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo, Tecnologia e Inovação de São Caetano do Sul, presente no evento “Conexões JHSP” representando a gestão do prefeito José Auricchio Júnior, diz que a gestão municipal da cidade do ABC Paulista é uma entusiasta da área de tecnologia e inovação e enxerga o uso da tecnologia como uma importante missão de impacto social.

“É uma cidade de apenas 15 km², no meio da industrialização paulista, numa região em que no conglomerado das sete cidades é o quinto maior PIB do País, agregando ali indústrias de alto impacto de valor e também muito próxima dos principais centros logísticos do Brasil, como Porto de Santos, Rodoanel, Aeroporto de Viracopos em Campinas. Ou seja, temos uma facilidade logística de integração, de estrutura e infraestrutura para grandes empresas e também para atrair novos negócios, inclusive do mercado internacional”. Tudo isso, segundo Córdoba, faz a cidade respirar tecnologia.

“Então, temos trabalhado em algumas vertentes nesse viés de impacto social. A primeira delas na qual o prefeito Auricchio implementou já na gestão passada é a transferência de renda, para que tenhamos um impacto social qualitativo à sociedade, revertendo a arrecadação para investimento no próprio município”.

Uma das iniciativas que surgiram com o uso da tecnologia neste sentido foi a criação de um sistema digital, por meio de um aplicativo, que funciona como uma carteira digital para que os pais de alunos da rede de ensino municipal tenham acesso a compras de materiais escolares e uniformes no comércio da própria cidade, o que incentiva a economia e os empregos no município.

“Para se ter uma ideia, injetamos na economia da cidade diretamente a todos os credenciados, pequenos e médios empreendedores, cerca de R$ 20 milhões por ano, mesmo com todas as amarras jurídicas existentes”, revela o secretário. “Foi um avanço muito significativo e é uma referência no Tribunal de Contas para que outros municípios também avancem”.

Outra iniciativa na qual investe a cidade ocorre na questão do acesso ao crédito mais competitivo aos empreendedores do município com o uso da tecnologia, para fomentar a recuperação econômica no pós-crise.

“Realizamos um chamamento público junto a empresas de tecnologia e inovação para a montagem de uma plataforma de busca de crédito competitivo, em parceria com uma startup e a Stefanini. Criamos uma esteira de crédito que já é usada atualmente na Vale do Rio Doce, que funciona com base em antecipação. Esse sistema se comunica com o Banco Central e oferece mais de 200 ofertas de crédito às empresas, todas competitivas, para que elas possam escolher e dali para frente tratar diretamente com o banco”.

O próximo passo, revela o secretário, será a implantação do novo Centro de Inovação e Tecnologia municipal, integrando os setores privado e público, buscando também as necessidades dos departamentos internos do município, fomentando as startups e integração com as universidades locais.


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Governos digitais: transparência, inclusão e desenvolvimento

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Democratização da tecnologia

Aurílio Sérgio Caiado, professor da Unicamp e secretário de Finanças da Prefeitura de Campinas, participou do “Conexões JHSP” representando a gestão do prefeito Dário Saadi. A cidade, maior metrópole do interior de São Paulo, registrou grandes avanços e ganhou destaque em rankings de cidades inteligentes, por meio de várias iniciativas – uma delas o lançamento do app "Campinas na Palma da Mão”, que realiza integração de serviços municipais digitalizados, 24 horas por dia, em diversas secretarias e níveis do governo municipais.

“Campinas tem um problema que é um excelente problema”, afirma Caiado. “Nós temos lá 21 entidades e instituições de ciência e tecnologia de peso nacional. Quando assumimos, nosso grande desafio era colocar a prefeitura na agenda de inovação da cidade e tentar criar uma conexão e uma rede entre as diversas instituições, de forma a alavancar esse potencial que a cidade tem e que cada um já faz esse trabalho por si – mas não articuladamente com o município”.

De acordo com Caiado, “no Brasil infelizmente nós temos um fosso muito grande entre a capa superior conectada, internacionalizada, preparada e as grandes massas da classe média e inferior”. “Então nós temos um grande desafio de preparar a cidade, de trazer todos para esse mundo de conexão, esse mundo digital”.

A resposta do município foi a criação de um plano de aceleração, de ativação econômica e social para preparar a cidade para a retomada econômica, tendo dados e tecnologia como base.

"A resposta do município foi a criação de um plano de aceleração, de ativação econômica e social para preparar a cidade para a retomada econômica, tendo dados e tecnologia como base”.

“Na área de economia”, detalha Caiado, “nós preparamos um pacote muito grande de incentivo a atração de novos empreendimentos e geração de emprego que é uma lei de incentivos muito ousada. É uma legislação específica para os grandes galpões, os grandes centros de logística, micro e pequenos empresários”. Por meio de um fundo de aval, contratado por meio de uma associação entre a Prefeitura e cooperativas de crédito, a cidade aporta recursos que garantem financiamentos à classe empresarial, com um volume muito baixo de garantias necessárias.

“No lado das pessoas, nós criamos primeiro o Auxílio Campinas, com o repasse de recursos diretamente às famílias”, diz o secretário.

“A iniciativa mais importante, porém, vai na linha da inclusão digital: a construção de dois grandes equipamentos na periferia que são escolas, espaço de treinamento e reciclagem da população não escolar, para atender ao ensino de jovens e adultos com todo tipo de profissionalização - levar informática, levar a tecnologia da informação, levar preparação, cursos rápidos, cursos mais longos, cursos de curta, média de mais longa duração para que a população tenha maior nível de empregabilidade”. Entre as formações presentes, desenvolvimento de games e softwares.


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Maturidade digital das cidades

As cidades, dependendo de seu nível de “inteligência” e sua jornada de adoção de tecnologias, disrupções e inovações, podem conviver com diferentes níveis de maturidade digital. Em relação a esse ponto da caminhada em que se situa um município também influem fatores como a maior ou menor disponibilidade de tecnologias, o desenvolvimento do capital humano da cidade, educação, nível de sustentabilidade, etc.

A líder de Tecnologia e Telecomunicações da Deloitte Brasil, Márcia Ogawa, aponta algumas das principais tendências aderentes às cidades brasileiras que foram listadas no estudo Insights about Smart Cities in Brazil for policy makers and public managers - leveraging technologies for sustainable development. O paper foi patrocinado pela NEC e trouxe os cenários, tendências e desafios para os gestores públicos do País.

“Antes de mais nada, eu acho que a gente tem que colocar aqui o chapéu do gestor público do Brasil. Basicamente, eles têm que focar em três grandes objetivos: um é o desenvolvimento econômico, o outro é a inclusão social e o terceiro, que vai começar a estar bastante na pauta, é a questão da gestão ambiental. A tecnologia de smart cities não é o fim, ela é o meio para você atingir esses três objetivos”, considera a especialista. “Os nossos prefeitos aqui falaram bastante de iniciativas econômicas, iniciativas de inclusão social fantásticas. Eu me sinto bastante orgulhosa aqui de termos esses exemplos aqui no estado de São Paulo”.

Em um paralelo a respeito das principais tendências das smart cities para a realidade do Brasil, Márcia aponta em primeiro lugar que o País deve ser observado com duas lentes. “Existe o grupo das grandes metrópoles e as grandes cidades como essas aqui que são representadas. E também tem aquelas cidades menores. Somos dois mundos”.

Em relação ao bloco integrado por grandes cidades e metrópoles, Márcia aponta três grandes tendências ou prioridades que aparecem como as mais cotadas no radar dos municípios. A primeira é o foco em segurança pública, que ocupa o centro das atenções em todas as grandes metrópoles da América Latina, e também em cidades com características de turismo ou altos níveis de atividade econômica.

“Temos o projeto idealizado em parceria pela NEC e uma operadora local na Argentina, no qual esses investimentos em segurança pública na cidade de Tigre promoveram um aumento da atividade econômica, e com isso a quantidade de turistas”, exemplifica a especialista. “Eu tenho certeza de que as ações que cidades como São José dos Campos estão implementando vão trazer maior atividade econômica”.

O segundo ponto relativo às grandes cidades, diz Márcia, é o fortalecimento de um ecossistema de inovação. “Aqui os nossos representantes das três cidades falaram também disso, quanto isso é importante para o País, termos um desenvolvimento da economia digital, de os prefeitos entenderem e promoverem isso”.

Em terceiro, a executiva ressalta o tema da redução das emissões de carbono. “Isso ainda não é prioridade ainda em muitos lugares, mas vai ganhar muito mais dimensão nas grandes cidades, que ainda representam mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa”.


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Pequenas e médias cidades

Entre as ações e temas a serem incentivados com aplicações de alta tecnologia, inovação e disrupção digital em municípios de menor porte, há duas tendências de destaque, de acordo com Márcia.

“Uma é a questão das comunidades de saúdes inteligentes. Existe aqui um projeto feito em conjunto entre a Deloitte e a NEC visando a promoção da telemedicina em cidades menores. Normalmente quando você vai nas cidades pequenas, não existem médicos, então isso é muito importante - conectar essas cidades menores a institutos de referência onde vão poder ter acesso a especialistas como segunda opinião ou mesmo conectados que possam dar melhor assistência aos cidadãos.

Logicamente, analisa Márcia, a questão da segurança pública também é importante para esses municípios, como uma segunda tendência, com as inovações se valendo do ambiente hiperconectado para integrar um ecossistema de coisas, sensores, câmeras, viaturas, internet das coisas e inteligência de dados, que permita prevenir e também responder rapidamente a incidentes.

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As ondas da tecnologia

Elias Reis, head da área de smart cities da NEC, destaca o caráter extremamente rápido da inovação tecnológica e como isso impacta na busca de tecnologias mais avançadas para as cidades inteligentes.

“Quando nós falamos em tecnologia, temos que entender que é algo que se inova a cada dia. E nessa constante busca pela melhoria, pela capacitação das pessoas, pelas tendências que trazem mais desenvolvimento, as cidades também precisam estar preparadas ao ponto de se inovarem e trazer diferencial.”

Reis fala sobre três grandes ondas pelas quais os municípios buscam aproximar toda essa inovação dos seus cidadãos, melhorando o cotidiano urbano, todas se adaptando ao conceito de smart city.

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“Na primeira onda, os municípios queriam implantar a tecnologia. Porém não sabia exatamente como. Queriam trazer ali as inovações necessárias. Porém como fazer? O que que eu vou implantar? O que de fato é cidade inteligente?”, explica.

Um dos casos mais emblemáticos a nível mundial foi o da cidade de Sidney, na Austrália, que começou a monitorar ônibus através de GPS para fazer a localização desses veículos, para compartilhar com os cidadãos, ainda nos anos 1990.

“Naquele momento, era um conceito ainda de cidade inteligente. Porém, o processo foi se inovando e a partir dos anos 2000 o conceito foi ficando um pouco mais difundido, mais abrangente. E aí as grandes empresas, as grandes incorporadoras, as grandes integradoras passaram a promover soluções de integração para fazer com que esse movimento pudesse ser mais presente na população. E a partir de 2010 nós vivemos a era do mundo atual. Tirou-se um pouco o foco da tecnologia e passou a focar um pouco no humano nas pessoas”.

Essa linha histórica, de acordo com Elias, é importante para que todos os atores, de autoridades a orquestradores, passando pelas provedoras de tecnologia, trabalhem com o foco de entender que a tecnologia tem que servir as pessoas.

“E o primeiro ponto é eu pensar na população dessa cidade e quais as necessidades que essa população precisa. Quais as necessidades de segurança? Quais as necessidades de recursos ambientais? Quais as necessidades que eu preciso trazer para essa população, para que ela se sinta cada vez mais conectada com o ambiente que ela vive? Isso é muito importante porque isso traz um grande desafio aos gestores públicos. Uma cidade demanda grandes inovações e também gera muitas informações a todo instante. E se eu não tenho ali o cruzamento desses dados? Se eu não consigo entender o que essa cidade está gerando eu não consigo ter uma análise, o que eu posso fazer? Que ação que eu posso tomar?”, analisa o executivo.

Dessa forma, passam a ser importantes conceitos como a realização de análises preditivas, com os dados bem estruturados e bem aplicados para serem revertidos em prol da administração eficiente.

“Consigo ter uma análise preditiva, por exemplo, para entender onde eu tenho a maior alocação de trânsito. Aonde eu tenho maiores dificuldades na locomoção de pessoas, onde eu vou aplicar mais recursos na saúde, onde eu vou aplicar mais recursos no ambiental e assim por diante. Um fato muito corriqueiro que estamos vendo – praticamente todos os anos vemos no Brasil as cidades que sofrem com desastres ambientais, sem contar as enchentes. Então o grande despertar dos gestores públicos e da população em torno da tecnologia está justamente no objetivo de viver cada dia melhor no centro em que essas pessoas habitam. Cada vez que essas cidades aumentam em população, requerem mais demanda do poder público, ações imediatas, exigem das autoridades um maior uso da inteligência, o uso da integração, o uso de ferramentas que possam fazer sentido para a população no dia a dia”.

De acordo com Reis, é necessário também falar de de integração, desenvolvimento e operação conjunta de diversos ecossistemas, com as necessidades de uma cidade listada em ferramentas de leitura e integração de dados, de forma inteligente, que possam trazer “benefícios não só para quem gere como para a população que usufrui de todas essas inovações”.


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Especial Start Eldorado: A jornada das Smart Cities

Ouça o painel “Smart Cities: Tendências e inovações tecnológicas para os desafios das cidades brasileiras” com apresentação de Daniel Gonzales.

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A importância das regulamentações

A certificação em normas ISO é uma adição de grande valor para as iniciativas de smart cities no país. Além do reconhecimento, tal conquista demonstra que as cidades estão aptas a receber investimentos públicos e assim aumentar os níveis de inteligência e resiliência de seus espaços, conforme reflete Elias.

“A partir do momento em que o município ele tem ali a classificação, ele está correndo atrás de ser cada vez mais inteligente e isso é um destaque de cidades do Brasil. Nós temos hoje cidades que são inteligentes na América Latina, porém não tem uma regulamentação como a que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) está fazendo no Brasil para ajudar essas cidades a se classificarem internacionalmente”, explica.

Ele detalha que “isso traz um benefício para a população e ao gestor público”. “Essas cidades recebem mais investimentos do BNDES, e as certificações abrem portas para investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de grandes e pequenos empreendedores que se sentem seguros em uma cidade que investe a todo momento em tecnologia”.

Reis também lembra o exemplo emblemático de Tigre, cidade argentina a 37 km de Buenos Aires, como um enorme caso de sucesso de aplicação de tecnologias em prol da economia local, baseada no turismo.

“As pessoas muitas vezes se sentiam ameaçadas de estarem nessa cidade em virtude da violência urbana, que é basicamente o que acontece em muitas cidades na América Latina; já que temos hoje várias cidades que tem no turismo sua principal fonte de renda e sofrem com essa situação”, lembra Reis. “Tigre fez um grande investimento em um centro de comando inteligente e controle com segurança por câmeras, análises forense, leitura de placas e assim por diante”.

O executivo da NEC destaca que a imagem de uma cidade futurista, ligado ao conceito de smart city, muitas vezes não é real. “Porque as cidades não são iguais. Quando eu falo em personalizar algo ou trazer uma ferramenta que faça com que aquela cidade se sinta conectada, ela tenha um desenvolvimento ao ponto de ser uma cidade inteligente, estou falando em implementar algo que esteja voltado para a necessidade daquele centro urbano, já que cada cidade tem a sua particularidade, sua necessidade e seu foco”.

É exatamente isso que leva à importância de um excelente planejamento e uma ótima integração dos projetos. “Por isso que é muito importante o papel da orquestradora, para entender a necessidade da cidade, fazer uma topologia, um projeto que realmente fale a real necessidade daquele município e que possa fazer sentido não só para o gestor público e também para a população, para que ela interaja, comunique, gere ideias, acesse câmeras, sensores”.

Um exemplo disso, bem prático, que pode impactar diretamente no trânsito e na circulação dos grandes centros urbanos é o estacionamento. “Parece uma questão simples, mas paremos pra pensar quantas vezes aquele carro fica rodando ali o quarteirão, procurando vaga, e o quanto de congestionamento esse carrogera ao longo daquele tempo uma, duas, três vezes, principalmente nos grandes centros urbanos - o que poderia ser resolvido com sensores de estacionamento aliados a um app para que os cidadãos possam ver a disponibilidade e oferta de vaga dentro de um centro expandido, por exemplo”.

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Trânsito mais inteligente, economia melhor e mais qualidade de vida

São José dos Campos é uma grande cidade que vem enfrentando o problema do trânsito com muita inteligência e conectividade. De acordo com o prefeito Anderson Farias, não só com aplicação de inteligência e tecnologia nas ruas, mas com análise de dados para um melhor planejamento das políticas públicas.

As câmeras e sensores, no caso da cidade do Vale do Paraíba, foram obtidas por meio de parcerias e locações dos equipamentos, para a gestão do trânsito e também do transporte público.

“Estamos indo para o quarto ano de serviço e nós temos a melhor a tecnologia atualizada, que se tivesse sido comprada pelo município estaria hoje sucateada e desatualizada”, Anderson Farias, prefeito de São José dos Campos.

Continua o prefeito: “em São José a gente tem um novo modelo propondo juntamente a um operador uma locação de veículos, por meio de uma empresa de economia mista. Hoje eu tenho uma frota de 330 ônibus novos e um corredor com 12 veículos articulados, elétricos, fazendo testes em um trajeto de 11 km, com suspensão a ar e piso baixo para questões de acessibilidade”.

Não é só o ônibus o responsável por melhorar a mobilidade urbana de uma cidade, mas sim a questão da inteligência e das conexões – os ônibus com bicicletas, com estações, com veículos elétricos que podem ser disponibilizados por meio de um aplicativo, por exemplo. “São vários modais numa cidade, todos eles conectados um ao outro para que o cidadão possa ter essa opção de sentar ali em qualquer ponto do sistema e possa pagar com crédito, com débito, com QR Code no celular”, diz Farias.

O prefeito afirma que a gestão inteligente de vagas públicas de estacionamento, citada pelo executivo da NEC, já é uma realidade na cidade. “No centro, onde há corredores comerciais temos um aplicativo que informa em tempo real onde há vagas disponíveis – informação que também é exibida em painéis eletrônicos nas principais avenidas da cidade”.

Outro dos destaques é um sistema inteligente e integrado de semáforos, cujo tempo de abertura e fechamento não ocorre por meio da leitura de sensores que medem o tráfego, mas sim de dados vindos diretamente do Google Maps, em tempo real, implementado pela prefeitura local em parceria com a gigante da internet. Ele funciona na Avenida dos Astronautas, que liga entidades e empresas como o ITA e a Embraer.

“Toda a parte semafórica desta avenida é conectada com o Google, e o sistema verifica os semáforos o tempo inteiro fazendo todo esse cálculo de trânsito – nada de forma estática, mas sim dinâmica, atualizada a todo instante”. O projeto, de acordo com o prefeito, foi implementado em parceria com uma empresa de inovação, incentivada por uma lei do município criada para essa finalidade.

Os cidadãos de São José também poderão ter acesso, em breve, diz Farias, às câmeras de trânsito da cidade em tempo real por meio de um aplicativo. “Isso é importante. É usar essas ferramentas, é usar da tecnologia para o cidadão para que qualquer um possa ver - e realizar os investimentos necessários de infraestrutura, para que possamos planejar seja uma nova ligação, uma pequena obra ou uma grande obra de mobilidade urbana”.

De acordo com o prefeito, ônibus com GPS sendo monitorados a todo instante no centro de operações da cidade, bem como a captura de dados para políticas próprias de tráfego, contando com o apoio de viaturas elétricas dos órgãos de trânsito em cada instante do dia, na saída de escolas, universidades, indústrias, fazem parte do projeto de trânsito inteligente do município.


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Dados e inteligência no dia a dia

A aplicação, coleta e gestão inteligente dos dados da gestão pública são destaques para que São Caetano do Sul possa atrair novos empreendimentos e gerir melhor seu espaço urbano, ampliando seu destaque no cenário nacional com a força de sua indústria. 

De acordo com Daniel Córdoba, secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo, Tecnologia e Inovação da cidade, a Prefeitura vem mapeando qual a tendência de surgimento de  novos negócios no município, bem como em âmbito nacional. “E a cidade tem que se antecipar no convite de empresas e negócios a longo prazo. Então a tecnologia embarcada do dado, ela é muito importante na análise da tendência do que a gente busca pro nosso município – para que façamos uma lei de incentivo fiscal específica para determinado setor”.

Isso já resultou na promulgação de uma lei de incentivo à inovação e tecnologia, que dá o subsídio às empresas do município, já instaladas, de 10% do ISS para que seja investido em iniciativas juntamente com startups para fomento de novas tecnologias. A montadora General Motors, com sede na cidade, é uma das grandes empresas que já se vale desse benefício.

“Dessa forma, a gente está tentando criar um novo ecossistema mais tecnológico de maneira compartilhada, de alto valor agregado”, explica Córdoba.

Quanto ao trânsito, o secretário lembra que a vizinhança acaba utilizando São Caetano como meio de trânsito, a cidade fica ao lado de Santo André, São Bernardo, São Paulo, Mauá e é passagem para acesso da Via Anchieta, Rodovia dos Imigrantes e Rodoanel. “Para levar inteligência, estamos avançando junto com a operadora a Claro na questão do levantamento e monitoramento através de dados abertos – dentro da LGPD – dos munícipes e também visitantes que estão na cidade através de mancha de circulação, captados por meio das torres ERB da operadora, pra gente entender os horários de pico, os horários de maior locomoção os horários que vem o público externo”, detalha.

Outro ponto importante é a segurança urbana, ela não é executada apenas na parte de segurança pública por meio de um centro de controle integrado entre cidade e autoridades estaduais, mas também onde é realizado todo o monitoramento do trânsito. A cidade vem investindo forte no monitoramento e prevenção de enchentes, um antigo problema da área.

“Estamos com um projeto já está em andamento que prevê uma grande intervenção na parte de microdrenagem e também de inteligência de novos piscinões, com a cidade buscando resolver a questão por meio do mapeamento de dados, transporte e comportamento dos munícipes e monitoramento dos rios por meio de sensorização”.

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Data analytics e articulação

Em Campinas, destaca o secretário de Finanças, Aurílio Caiado, duas empresas abastecem a administração com dados, sendo uma pública de informação, que articula grandes volumes de dados, bem como o Sincamp e uma entidade municipal que cuida do monitoramento da cidade. Ele reconhece, no entanto, que as estruturas estão defasadas e há muito por fazer.

“Estamos atualizando o parque tecnológico da Sincamp com novas câmeras, novas salas de situação, nova estrutura para colocar a cidade em um nível mais eficiente, assim como nós utilizamos um convênio com o Governo Federal para uso de todas as informações nacionais de roubo de veículos, problemas relacionados a pessoas e veículos”.

Projetos de trânsito como a integração de avenidas a uma malha segregada de transporte público, assim como a construção do sistema BRT, Bus Rapid Transport, também são projetos em andamento. “As iniciativas são no sentido de reduzir o tempo de deslocamento e facilitar e melhorar o conforto, bem como a segurança. Hoje nós temos em todos os ônibus um sistema de monitoramento de informações e deslocamento em tempo real, com as informações disponíveis aos cidadãos, para que não tenham que ficar aguardando em excesso nos terminais e pontos”.

No que diz respeito a enchentes e drenagem da cidade, diz Caiado, está em andamento a implementação inteligente de piscinões com base em análise de dados e um sistema de alertas e avisos que será disponibilizado em breve à população, também alimentado por informações captadas por sensores em tempo real. 

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Futuro: uma visão que passa pela orquestração de tecnologia, aplicações e dados

Muito em breve, o país verá a expansão das redes de alta velocidade, o 5G, ganhando muito espaço. Isso abre todo um campo para internet das coisas, sensores, câmeras com vídeo inteligente. Monitoramento de dados em postes, coleta de lixo, equipamentos urbanos. O campo a ser aberto para as smart cities é imenso, destaca Marcia Ogawa, da Deloitte.

“Gostaria de ressaltar que o Brasil já tem uma maturidade em relação a smart cities comparado a outros países da América Latina. Esse ecossistema, antes mesmo de falarmos dessas tecnologias, já tem um desenvolvimento muito alto. Então, quando essas inovações chegarem, teremos muitas outras aplicações”

“Isso está bem claro no nosso relatório, de que a nossa visão é: em vez de termos aplicações simplesmente, as plataformas serão horizontais nas cidades. Por exemplo, sistemas de conectividade que terão embutidos todos os requisitos de segurança e com condições de os gestores realizarem um excelente uso de dados, para realizar coisas extraordinárias de todos os ativos da prefeitura, sejam vagas de estacionamento, de escolas, em hospitais, equipamentos médicos, cujos dados desses ativos precisam ser capturados, armazenados e  abertos de tal sorte que sejam interoperáveis”.

Márcia completa: “nossa visão é que tenhamos essas plataformas e na camada de cima que sejam aplicações, que pudessem ser designadas para o ecossistema local, que os dados sejam abertos e possam ser operáveis por toda a cidade”.

Essa orquestração de sistemas legados também é a aposta para o futuro de Elias Reis, da NEC. “Eu me deparo muitas vezes com mesas de reunião que a cidade me destaca ali várias tecnologias já existentes. Porém, qual é o diferencial de uma empresa como a NEC cuidando de tudo isso? É que nós conseguimos fazer uma orquestração e todos os sistemas, para que os dados circulem e sejam mais bem captados e utilizados. Uma integração de todos esses sistemas e fazer com que eles estejam funcionando dentro de uma única plataforma, facilita muito a ação do poder público. Porque em cima disso eu vou ter uma convergência de dados, eu vou conseguir gerar analytics, eu vou conseguir fazer análise preditiva, eu vou conseguir integrar as mais variadas verticais”, diz.

Entre essas verticais, com as quais trabalha a NEC, são seis destaques voltados para as cidades inteligentes: governança, ambiental, iluminação pública, segurança, mobilidade e comunicação.

“Então eu consigo trazer todas essas integrações dentro dessa plataforma e fazer com que aquele gestor público viva a experiência de ter todo esse controle na palma da mão. Essa é a grande vantagem hoje em trabalhar como integradora e ter a possibilidade das mais diversas aplicações com parceiros de altíssimo nível, globalmente”, destaca Reis.

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